Verdades e Mitos

A raça American Staffordshire Terrier é apaixonante. Mas certas dúvidades criam mitos e outras criam verdades. Envie sua dúvida que o criador esclarecerá.

Como deve ser a estrutura de um American Staffordshire?
16 de Abril de 2023

Nos primórdios da raça por volta de 1936 quando ela foi oficializada no AKC e concomitantemente na FCI o AST era compacto e se tinha como ideal o máximo de estrutura num espaço pequeno. Só que esse máximo obedecia uma proporcionalidade. Não se queria uma cabeça de bulldog ou de Mastim Napolitano num AST. Então víamos cães compactos e fortes. Mas com o tempo o tamanho dos americans foi hipertrofiando e os juízes americanos e mundiais foram se acostumando a esse aumento paulatino até chegarmos a americans maiores e diferentes do que se desejava ou que tinhamos como padrão ideal.

Uma das visões equivocadas também é em relação à estrutura. De uma fêmea não se pode exigir que tenha a estrutura de uma macho. Quando isso acontece é um acidente que podemos fixar numa criação. Eu já tive muitas fêmeas com estrutura de machos. Se levasse em exposição um juiz poderia e provavelmente optasse por outra mais feminina. Ou seja, aquilo que é gosto pessoal não pode se tornar uma verdade. Quando eu envio uma fêmea para alguém que deseja na verdade uma fêmea macho posso vir a desagradar a mesma pois na verdade ele queria um Mike Tyson de saias. As vezes isso acontece mas não é o que deveriamos exigir. Se queremos muita estrutura deveriamos optar por um macho. Casualmente eu já gerei inúmeras fêmeas com estrutura de macho mas isso foi porque eu desejei. Mas não é isso que devemos exigir. É um gosto pessoal.

Resumindo, um macho normalmente e dentro do que se deseja ou é pedido nas exposições é que seja forte e possua estrutura (nem isso vemos mais nas exposições pois assistimos machos esguios e com boa movimentação mas não tão fortes o que acaba gerando campeões distantes do padrão desejado) e tenha outros atributos dentro do padrão da raça. No último mundial venceu um belo american e era dos USA, país que aprecia americans de estrutura e local onde a raça foi criada. No meu início como criador eu trouxe americans dos USA para formar minha base. E depois fui seguindo selecionando e fazendo minhas experiências. Meus americans normalmente são de estrutura, belos e equilibrados de temperamento. Não é para menos que nossa criação tem 5 estrelas no Google e conquistamos 6 vezes o Ranking de Melhor Criação do Brasil pela CBKC. Incluisive um AST New Kraftdfeld foi Campeão Mundial Macho em 2005. 

Já a fêmea precisa ser delicada. Feminina. Mas se for forte que mantenha sua elegância e feminilidade. Na natureza é assim. Geralmente os machos são mais fortes e exuberantes nas características da raça. Isso não significa que não possas apreciar uma fêmea que pareça um macho mas isso é um gosto pessoal seu e não se pode exigir que um criador satisfaça seu gosto particular pois uma filhote ao crescer pode se tornar aquilo que a natureza pede dela: ser feminina. Mas em alguns casos parecerá um macho. A ame das duas formas. E se ela for feminina e correta leve numa exposição.


O que eu penso sobre o American Bully
16 de Março de 2023

Embora já tenha me manifestado em algum momento gostaria de ratificar o que eu penso. Considero uma aberração, um crime, o desenvolvimento dessa variante que os americanos denominaram de AMERICAN BULLY. Através de cruzamentos inescrupulosos introduziram na raça American Staffordshire e American Pitbull os defeitos da raça Bulldog Ingles. Todos sabemos que o Bulldog chama a atenção pela concentração de formas exageradas e defeituosas que pelo seu conjunto o torna interessante e nos cativa. Aquela imensa cabeça que torna impraticável um parto normal e exigindo na imensa maioria de cesáreas. A mordedura exageradamente prognata que nos parece engraçadinho mas está no sangue dos bullies. O focinho muito curto que compromete a respiração e o faz roncar e como consequência o torna hipertenso e com problemas cardíacos. Os aprumos tortos em sua maioria o que dificulta sua capacidade para a locomoção atlética que existe no american staff. Como esses cruzamentos não são homogêneos surgem animais diferentes. Um mais extremados, uns menores, uns mais parecidos com o pitbull, outros com o bulldog e os criadores resolveram essa questão denominando em subtipos. Imaginem uma pessoa pegar um Rottweiler e começar a cruzar com o Bulldog Ingles para criar o Rott Bully. É melhor eu nem repetir essa idéia porque daqui a pouco um demente abraça essa idéia. Só uma pessoa destituída de cérebro saudável para ter essa idéia visando lucros e convencendo pessoas incautas a comprar a mesma. Eu torceria para que a cinofilia jamais aceitasse a homologação e reconhecimento dessa postura torta e patológica de criar ou selecionar. A raça ainda não é reconhecida pela CBKC ou pela FCI (por enquanto) mas certamente será um dia pois naturalmente ocorrerão pressões nesse sentido. Mas nos USA criaram sociedades independentes para registrar esses cães e no Brasil me parece que existe alguma.

Eu me motivei a escrever nesse momento porque acabo de receber uma mensagem de uma pessoa do nordeste. Vou passar aqui a mensagem:

"Realmente seus cães são perfeitos. Estou revoltado aqui. Fui fazer uma corrida aqui perto de casa ontem a noite de 10 minutos e levei o Aruk(meu american bully). Passou mal na volta e deitou no chão desmaiou. Foi ao veterinário, ficou internado até hoje as 7h da manhã onde veio a falecer o coitado.
Da pra tu uma coisa dessa? Tou revoltado aqui.
Foi a pior forma de descobrir que não podia correr um pouco com ele"


CORES PERMITIDAS para o AST
06 de Julho de 2019

CORES PERMITIDAS PARA O AMERICAN STAFFORDSHIRE TERRIER

O padrão da raça pelo descrito no American Kennel Club diz o seguinte:
Any colour, solid, parti, or patched is permissible, but all white, more than 80% white, black and tan, and liver not to be encouraged.
QUALQUER COR, PARTICOLOR, OU MALHADA É PERMITIDA, MAS TODO BRANCO, MAIS DE 80% DE BRANCO, PRETO E TAN (AS CORES DO ROTTWEILER), E FÍGADO NÃO DEVEM SER ENCORAJADAS.
Any departure from the foregoing points should be considered a fault and the seriousness with which the fault should be regarded should be in exact proportion to its degree and its effect upon the health and welfare of the dog.
QUALQUER DESVIO DOS PONTOS ACIMA DEVEM SER CONSIDERADOS FALTA E A SERIEDADE COM QUE A FALTA DEVA SER CONSIDERADA DEVE SER NA EXATA PROPORÇÃO DO SEU GRAU E SEU EFEITO SOBRE A SAUDE E BEM ESTAR DO CÃO (isso se refere a todos os itens do padrão que foram citados mas não coloquei aqui, como cabeça, cauda, etc...

Vejam que interessante. O cão todo branco ou tricolor (apesar de diversas raças as tenham como totalmente normal) o ser humano considerou como inadequado para o American Staffordshire Terrier. Já para seu irmão, o American Pitbull Terrier é permitido.
Isso é preconceito e talvez no futuro como já fizeram com outras cores e cães isso mude. Basta os burocratas "entendidos" e representantes dos órgãos máximos da cinofilia entenderem assim.
Por isso que eu não vejo nenhum problema em ter eventualmente algum filhote tricolor ou todo branco. Basta não levarmos em exposição.
Mas existe uma frase "mortal" que aparece no final que diz: a falta deve ser pesada na proporção do que acaretaria em efeito sobre a saude ou bem estar do cão.
Alguém já percebeu algum tricolor sofrendo de mal estar?
E se o branco é ruím para a saúde devemos parar de criar Dogo Argentino? Ou Bull Terrier que é permitida a cor branca?
Bem, fiz esse artigo apenas para reflexão.
Obs.: coloquei fotos de filhotes atuais de tricolores.

Nelson Filippini Almeida
NEW KRAFTFELD


Castração.
02 de Maio de 2017

Mitos e verdades sobre a castração

A castração ainda é um assunto bastante polêmico para os proprietários de animais de estimação. Está associada à imagem de cães e gatos gordos e letárgicos, "cirurgia cruel", "mutilação do animal", etc.. É preciso desvendar o que há de falso e verdadeiro sobre a castração e entender bem quando ela é recomendada.


"A castração deixa o animal gordo"


Falso. A castração pode causar aumento do apetite, mas se a ingestão de alimento for controlada e o dono não ceder às vontades do animal, o peso poderá ser mantido. Observa-se que animais castrados quando jovens, antes de completar 1 ano de vida, apresentam menos sinais de aumento de apetite e menor tendência a se tornarem obesos. A obesidade pós castração é causada, na maioria das vezes, pelo dono e não pela cirurgia.


"A castração deixa o animal bobo" 

Falso. O animal ficará letárgico após a castração apenas se adquirir muito peso. Gordo, ele se cansará facilmente e não terá a mesma disposição. A letargia é consequência da obesidade e não da castração em si. Os animais na fase adulta vão, gradativamente, diminuindo a atividade. Muitos associam erroneamente esse fato à castração.


"A castração mutila o animal, é uma cirurgia cruel!"

Falso. A cirurgia de castração é simples e rápida e o pós-operatório bastante tranquilo, principalmente em animais jovens. É utilizada anestesia geral e o animal já estará ativo 24 horas após a cirurgia. Não há nenhuma consequência maléfica para o animal que continuará a ter vida normal.

"A castração evita câncer na fêmea"


Verdadeiro. As fêmeas castradas antes de 1 ano de idade, têm chance bastante reduzida de desenvolver câncer de mama na fase adulta, se comparado às fêmeas não castradas. A possibilidade de câncer de mama é praticamente zero quando a castração ocorre antes do primeiro cio. A retirada do útero anula a chance de problemas uterinos bastante comuns em cadelas após os 6 anos de idade, cujo tratamento é cirúrgico, com a remoção do órgão.


"O macho castrado não tem interesse pela fêmea"
Falso. Muitos machos castrados continuam a ter interesse por fêmeas, embora ele seja menor comparado a um animal não castrado. Se o macho é castrado e há uma fêmea no cio na casa, ele pode chegar a cruzar com ela normalmente, sem que haja fecundação.


"Castrando os machos eles deixam de fazer xixi pela casa"
Verdadeiro. Uma característica dos machos é demarcar o território com a urina. Se o macho, cão ou gato, for castrado antes de um ano de idade, ele não demarcará território na fase adulta. A castração é indicada também para animais adultos que demarcam território urinando pela casa. Nesse último caso, pode acontecer de animais continuarem a demarcar território mesmo após a castração, pois já adquiriram o hábito de urinar em todos os lugares.


"Deve-se castrar a fêmea após ela ter dado cria"
Falso. Ao contrário do que alguns pensam, a cadela não fica "frustrada" ou "triste" por não ter tido filhotes. Essa é uma característica humana que não se aplica aos animais. Se considerarmos a prevenção de câncer em glândulas mamárias, ela será 100% eficaz, segundo estudos, se feita antes do primeiro cio. O ideal é castrar o quanto antes.


Para que castrar os machos?
1. Evitar fugas.
2. Evitar o constrangimento de cães "agarrando" em pernas ou braços de visitas.
3. Evitar demarcação do território (xixi fora do lugar).
4. Evitar agressividade motivada por excitação sexual constante.
5. Evitar tumores testiculares.
6. Controle populacional, evitando o aumento do número de animais de rua.
7. Evitar a perpetuação de doenças geneticamente transmissíveis como epilepsia, displasia coxofemural, catarata juvenil, etc.. (em animais que tiveram o diagnóstico dessas e outras doenças transmissíveis aos descendentes).

Se levarmos em conta quantas vezes um animal macho terá oportunidade de acasalar durante toda a sua vida reprodutiva, seria mais conveniente diminuir sua atração sexual pelas fêmeas através da castração. O animal "inteiro" excita-se constantemente a cada odor de fêmea no cio, sem que o acasalamento ocorra, ficando irritado e bastante agitado, motivando a fuga de muitos. O dono precisa vencer o preconceito, algo que é inerente aos humanos apenas, e pensar na castração como um benefício para seu animal.


Para que castrar as fêmeas?
1. Evitar acasalamentos indesejáveis, principalmente quando se tem um casal de animais de estimação.
2. Evitar câncer em glândulas mamárias na fase adulta.
3. Evitar piometra (grave infecção uterina) em fêmeas adultas.
4. Evitar episódios frequentes de "gravidez psicológica" e suas consequências como infecção das tetas.
5. Evitar cios.
6. Controle populacional, evitando o aumento do número de animais de rua.
7. Evitar a perpetuação de doenças geneticamente transmissíveis como epilepsia, displasia coxofemural, catarata juvenil, etc.. (em animais que tiveram o diagnóstico dessas e outras doenças transmissíveis aos descendentes).


É errado o conceito de que a castração só deve ser feita em cadelas de rua. Se o proprietário não tem intenção de acasalar sua fêmea, seja ela de raça ou não, é desnecessário enfrentar cios a cada 6 meses, riscos de gravidez indesejável e, principalmente, de doenças como câncer de mama e piometra. A castração garante uma vida adulta bastante saudável para as fêmeas e bem mais tranquila para os donos.

Artigo da Dra. Silvia Parisi
Médica veterinária
CRMV SP 5532


Quem não gostaria de ter um amigo de verdade?
13 de Setembro de 2016

Contamos com os dedos os verdadeiros amigos. Geralmente são parentes. Mas quem não é parente e mesmo assim nos acompanha fielmente nessa vida sorrindo e chorando por nós esse é uma jóia rara. Devemos preservar esses raros amigos.
É uma preciosidade nessa vida. E, com o tempo, geralmente se afasta de nós. Por egoísmo, por se ofender por algo que tenhamos feito, por ter casado, por estar ocupado, por não ter mais tempo ou por mudar-se para longe. E quando damos aquela caminhada pelas ruas muitas vezes estamos solitários. Mesmo rodeados de pessoas podemos nos sentir sós. Quando chegamos em casa até os que amamos muitas vezes nos recebem mal por estarem ocupados ou com problemas pessoais. E assim acabamos tendo a sensação de estarmos sós e ficamos tristes. Parece que ninguém nos compreende.
Mas existe um ser vivo que desde os primórdios do homem na Terra, na época dos primeiros coletores, que foi selecionado entre os lobos e progressivamente foi se adaptando a nós. Iniciou uma relação que evoluiu através da seleção e criou um elo profundo e repleto de diversidades de contribuições ao homem nesse planeta.
Gosta do nosso cheiro, adora nos lamber, sente nossos passos a distância e o diferencia de outras pessoas, nos recebe sempre alegre e de bom humor. Está sempre pronto para nos acompanhar da infância à adolescência. Não guarda rancor como até nossos filhos de sangue guardam as vezes. Nunca se separá de nós a menos que queiramos. Não nos troca por outra pessoa mesmo que estejamos velhos ou doentes. Segue nossos passos como se fossemos reis e se deixarmos lambem até as nossas feridas. Muitos permaneceram sem comer ao lado do túmulo na esperança que ressurgíssemos das cinzas.
Nos dias de hoje, numa sociedade desumanizada e distante, onde as relações são gélidas, falsas e distantes. Em que o mundo virtual substitui com prejuízos as relações verdadeiras, cara a cara e tornam o homem cada vez mais distante de sua natureza existe um ser que nunca nos desapontará.
Nesses 25 anos que crio a raça american staffordshire terrier passei por várias etapas. A etapa de deslumbramento, de paixão por ver a novidade dos filhotes ansioso pelo porvir. A época da formação do plantel e as primeiras seleções. A época de iniciar a melhorar buscando novos gens e fenótipos, conformações e temperamentos. A época de competir e vencer exposições para provar vaidosamente ser o melhor. Com o amadurecimento não me preocupo mais em disputar rankings mas em agradar as pessoas para terem um american de verdade. Ser uma ponte, um elo em busca de algo maior. Material genético e conhecimento das gerações passadas dos americans me deixam mais seguro e confiante. A chama de paixão por ver filhotes ainda existe mas a filosofia amadureceu e com a idade precisamos dessa sabedoria numa criação séria. O jovem procura a superfície o sábio a alma. E eu acredito que a criação é a face, o coração e a alma de seu dono.
Sei que já existem criadores espalhados por todo o nosso território. E quando existem tantos, cada um querendo “vender o seu cão” a raça é comprometida. Eu iniciei quando o american nem ganhava um grupo numa exposição. Quando não era moda e sei o que me motivou a iniciar. Mas eu alerto que quanto maior o número de “criadores” pior para o futuro da raça. A razão é que a raça passa a ser tratada como uma mercadoria. Mais um item na sociedade de consumo. E numa sociedade em crise econômica os mais baratos são logo vendidos e isso aos poucos leva ao fim de uma raça como aconteceu com outras.
O que eu devo fazer? Por enquanto perseverar numa filosofia de criação e sempre somar e selecionar. Ser correto e ético com as pessoas e tratar com amor nossos americans desde cedo. Saber que no meio da cinofilia dita baixa encontramos pessoas de desprovidas de cultura e despidas de qualquer ética ou amor pelos seus cães. Saber que aquilo que fazemos de forma digna gera frutos a despeito da inveja e da arrogância de muitos.
Finalizando eu diria que ter um american de verdade é uma graça. Mas ao decidirem adquirir um não escolham pelo valor e busquem um criador que não tenha começado ontem a criar pois sem experiência ele não sabe o que lhe envia.
E um conselho para os que estão começando: pensem bem o que planejam para a raça. Não cruzem por cruzar. Para se divertir e depois distribuírem os filhotes para os amigos. Parece bonito mas não é uma contribuição. Quanto mais cães de uma raça existirem sem critérios de cruzamento menos criadores sérios sobreviverão pois não terão estímulo de investirem tanto em dinheiro e tempo para venderem seus cães a preço de banana. Daí param. E ficam os neófitos. E a raça sucumbe. O que eu disse vai desagradar muita gente mas é a verdade.
O ponto primordial em relação às raças é que se queremos apenas um cão é melhor adotarmos um exemplar sem raça definida. Melhor ainda se o tirarmos de um aprisionamento num canil mantido por uma ONG. Mas se adquirimos um cão de raça devemos lembrar que ele possui características que foram fixadas através de cruzamentos que duraram muitos anos. Quem procura um pointer para fazer caçadas deve buscar um ótimo criador. Mas se o pointer virasse moda em poucos anos teríamos pointers que não saberiam caçar direito. Daí muitos diriam que o Pointer, ou perdigueiro como é chamado, não seria mais o ideal para caçadas. Mas isso não é verdade.
Em poucas gerações, através de cruzamentos selecionados, retrocedemos e transformamos um american staffordshire terrier num american pit bull terrier apto a rinhas. Com alguns cruzamentos se deforma um american e se consegue um american bully para afetar suas articulações e deixa-lo menos atlético mas dono de uma cabeça monumental e desproporcional para agradar os olhos consumistas. Com poucos cruzamentos às cegas mudamos a índole de uma raça e suas características físicas. Os cruzamentos são livres e o homem é mestre em conseguir o ótimo e o péssimo. Se do lobo surgiram todas as raças que conhecemos imaginem o que pode ser feito com uma raça se não tivermos sapiência ao realizar um trabalho de criação.
A raça foi reconhecida em 1936 nos USA. Pensem em como estará a raça dentro de alguns anos. Eu tenho certeza que enquanto eu fizer a minha parte terei exemplares de American Staffordshire Terrier de verdade aqui no Campo de Força. Na sua maioria corajosos, fortes, fiéis, confiáveis, afetivos, com estrutura e genética.
Faça a sua parte!


Uma idéia inspiradora.
18 de Julho de 2016

Após descobrir que sua mascote tinha apenas seis meses de vida, este rapaz teve uma ideia inspiradora.

O que você faria se seu animal de estimação fosse diagnosticado com câncer? Robert Kugler resolveu criar novas (e inesquecíveis) experiências com sua mascote: em maio de 2015, Bella, uma simpática labradora chocolate, recebeu a triste notícia de que ela tinha osteosarcoma, também conhecido como câncer nos ossos.
Após receber a notícia, só existiam duas opções para a cadelinha: suas pernas dianteiras poderiam ser amputadas, ou ela seria “colocada para dormir” imediatamente, pois a doença estava provocando uma dor quase insuportável. Robert decidiu pela cirurgia e os profissionais garantiram que a mascote viveria de três a seis meses, pois o câncer tinha se espalhado para seus pulmões. Ao receber a notícia, o rapaz não teve dúvidas e fez as malas, se preparando para levar sua melhor amiga numa última aventura.
Juntos, Robert e Bella viajaram por diversas cidades dos Estados Unidos. Eles já passaram por Chicago, Key West, Nashville e muito mais, e a jornada ainda não chegou ao fim! Agora, 14 meses após a cirurgia, a dupla ainda segue conhecendo o país: “Bella está se sentindo muito bem, garante o rapaz. Para acompanhar as aventuras de Robert e Bella, você pode acompanhar o Instagram mantido pelo rapaz, ou entrar no site oficial da viagem: Robert Kugler Life Illustrated. Uma história realmente inspiradora, não acham?


Qual a diferença entre um American Stafforshire Terrier e um American Pitbull Terrier?
09 de Março de 2016
No início, quando os primeiros cães que eram chamados de bulls and terriers chegaram nos USA por volta de 1900, Kennedy, um criador dedicado tentou registrá-los junto ao AKC, a entidade americana filiada à FCI (Federação Cinológica Internacional) mas não conseguiu pois a fama desses cães estava maculada pela participação em rinhas. Eram cães que não poderiam nem ver outros cães e não toleravam e brigavam até com o sexo oposto. Kennedy então fundou a UKC (United Kennel Club) e registrou os seus cães com o nome de American Pitbull Terrier. Ele procurou, ao contrário dos demais afeitos às rinhas, cruzar cães que tivessem um temperamento mais equilibrado e buscando beleza, conformidade, estrutura e foi colhendo resultados. Em 1936 o AKC (American Kennel Club) aceitou o novo Pitbull desde que tivesse certas características de forma e cor. Lendo o padrão da raça é possível verificarmos isso em detalhes. Mas como regra geral esse cão não poderia ter mais de 80% de branco. Seriam aceitas todas as cores menos a chamada fígado. A altura deveria ser, até a cernelha para os machos 48,6 cm e para as femeas uns dois cm menos. As pálpebras deveriam ser de preferência pigmentadas e a cor dos olhos castanhas. A visão que deveria transparecer para quem o olhasse de frente seria um cão forte e que reunisse o máximo de massa num espaço limitado. O Pitbull como não teria essas exigências passou a ser encarado como um primo mais sujeito a variantes em vários aspectos, ser mais esquio e comprido para ter melhor resultado em lutas que foram substituídas por outros obstáculos. Como o nascedouro é o mesmo de ambos poderíamos dizer que todo o AST é também um Pitbull mas um Pitbull não é um AST. A coragem proverbial está presente em ambos. Nos USA alguns exemplares tem duplo registro, como Pitbull e como AST por terem uma morfologia muito semelhante. Um verdadeiro e típico AST é diferente de um American Pitbull e vice-versa. Percebemos variantes no temperamento de ambos mas o AST é mais territorialista do que o Pitbull e percebo que o AST é também mais guarda. Tudo isso pode mudar com um treinamento específico. O AST é mais tranquilo na convivencia com outros cães. Como alguns criadores de pitbull cruzam os seus cães com Americans (sei de alguns que compraram cães da minha criação para isso) visando dar a eles cabeças mais pesadas ou corpo mais forte, quando viram necessidade disso, podemos encontrar temperamentos mesclados. Outros aspectos específicos existem em relação ao pitbull no que tange aos aspectos de trabalhos inerentes à raça que descendem de seu atavismo para a rinha. Por isso eu aconselho: se queres um Pitbull adquira de um criador plenamente confiável. O mesmo em relação ao AST.

Cão que morde o dono.
09 de Abril de 2015
CÃO QUE MORDE O SEU DONO - Qualquer cão pode ter algum destempero quando geneticamente seus ancestrais não sejam confiáveis. Eu seleciono há 23 anos. Não estamos livres de algum cão, independentemente da raça, apresentar algum distúrbio mental. Mas até hoje nunca tive um caso. Tomara que isso nunca aconteça. Na verdade aconteceu uma só vez com uma fêmea que mordeu a mão de minha esposa. Mas foi culpa dela ao lidar com um filhote que sangrava.
Nós sabemos de casos de filhos que matam os seus pais. Mas nós não esperamos que isso ocorra com a gente. Não é normal que isso aconteça. Eu tenho 5 filhos. Espero que nenhum tente me matar algum dia. Não creio que isso possa acontecer. Mas leio nos jornais casos desse tipo. Entenderam a analogia com os casos caninos? Se fossemos influenciados pelos jornais pelos casos de traição que acontecem não casaríamos. E é mais fácil sermos traídos por nossos parentes do que sermos atacados por um dos nossos americans.
Já tive dezenas de americans formando meu plantel em momentos diferentes. Nunca um american me mordeu. Mesmo quando estava provocando dor ao retirar espinhos da boca com um alicate por terem mordido um porco espinho. Cheguei a tirar 90 espinhos ou mais numas 5 vezes em americans diferentes pois moro num sítio. Tirei com um alicate, sem anestesia. Tirava com rapidez mas doia. Mesmo assim nada de me morderem. Em momentos que queriam cruzar com uma fêmea, plenos de desejos instintivos e eu as vezes me metendo para tentar ajudar. Me atravessando no meio de forma indesejável para o macho. Ou para a fêmea que rosnava para o macho por não aceitar ainda. Mas eu não era ameaçado. Porque? Hierarquia, fidelidade e respeito. Um bom cão não morde o dono. Só existe uma situação que eu aceito que uma cadela morda o seu dono: nós estejamos machucando um filhote, o ameaçando. E eu já fiz isso ao mexer nos filhotes e os retirar de sua presença para tirar fotos por exemplo. Aqueles olhos apreensivos fitando o filhote mas nenhum ato de agressividade contra mim. E um bom dono sabe ler as expressões, entender o que o cão está nos dizendo com seu olhar e gestos. Muitas vezes eu provoquei dor numa fêmea quando estava querendo parir, dilatando com os dedos a vulva, o canal vaginal para tentar facilitar a saída do filhote. Gerando dor, a cadela gemendo de desconforto, apesar de eu estar ajudando a conseguir parir. Fiz isso algumas vezes nesses anos. Retirei filhotes trancados. Com o pescoço ao lado daqueles caninos. Uma mordida em minhas jugulares poderia ser fatal. Mas nunca senti medo. 
Tenho uma cumplicidade com meus americans. Mas eles são animais e nunca podemos ter certeza absoluta de tudo. Isso seria um pensamento idealizado, delirante e fantástico. Mas confio mais neles do que na maioria dos seres humanos. Os seres humanos raramente perdoam e são condicionais. Os cães nos procuram e nos lambem mesmo que no dia anterior tenhamos xingado e até batido neles. Eles não perdoam pois na verdade nem encararam que tenham sido agredidos por nós. Não acreditam nessa hipótese pois o sentimento que nutrem é incondicional, puro, verdadeiro, respeitoso e eterno.
 

REQUISITOS PARA UMA NINHADA SOBREVIVER.
23 de Agosto de 2014

A ninhada da NAVAJA com o CIELO nasceu no dia 18 desse mes. Estão com apenas 5 dias. Fico feliz ao ver a vitalidade deles. Um dos aspectos mais importantes quando vejo uma ninhada é se existe muito instinto de vida. Quando presente faz com que o filhote recém nascido busque as mamas com determinação numa ansia para sobreviver. Recebendo o colostro, o "néctar dos deuses" para os filhotinhos, existe uma chance grande do filhote sobreviver. Se a mãe possui leite e é cuidadosa com a ninhada temos o passo seguinte para que tudo corra bem. O filhote que fica para trás por não conseguir mamar como outros precisa manter a vitalidade e lutar com mais intensidade ainda para sobreviver. Uma boa mãe as vezes vendo isso separa instintivamente aquele que está bem alimentado para um lado possibilitando que aqueles que estão em desvantagem se recuperem. Uma mãe inexperiente pode, ao escutar ruídos, aproximação de pessoas ou latidos de outros cães deixar o local de seus filhotes para latir ou ver o que acontece. Ao fazer isso as indelicadas podem pisar e machucar algum filhote. Depois de algumas horas vemos algum filhote chorando mas sem mamar. O abdomen fica inchado, endurecido e dolorido. Houve uma lesão interna e esse filhote geralmente não sobrevive. Por isso é importante uma relação especial entre mãe e ninhada. Essa combinação de desejo forte de viver do filhote com proteção dedicada e delicada da mãe são os dois pontos fundamentais para a sobrevivência de uma ninhada. Assim eu tenho visto nesses mais de duas décadas criando.

 


Os primeiros dias de nossas vidas.
26 de Junho de 2014

OS PRIMEIROS DIAS DE NOSSAS VIDAS.


Uma psicanalista inglesa chamada Melanie Klein revolucionou a concepção que existia a respeito das crianças. Freud e sua filha, Ana Freud, essa psicanalista infantil, entendiam que não se poderia tratar mentalmente uma criança pois ela não
teria ainda condições de reponder às técnicas psicanalistas. Melanie, através de sua técnica com a arte de interpretar usando o ato de brincar procurou entender o ser humano desde os seus primeiros dias de vida. Elaborou teorias para explicar o funcionamento psíquico do bebê e com suas técnicas mudou os conceitos que tinhamos pois julgáva-mos que a criança só mais tarde entenderia e perceberia. Desde cedo temos o amor e o ódio. Nos sentimos ameaçados quando a mãe se separa de nós e não nos oferece o seio. Sentimos ódio. Mas amamos e nos sentimos protegidos quando a mãe nos abraça e oferece o leite quente e gostoso que sai de seu maravilhoso seio.
Um filhotinho de american quando está em seus primeiros dias de vida deve ser tratado com amor desde cedo. Ao pegar o filhote em nossas mãos devemos já conversar com ele para que ele ao ouvir a voz humana se sinta a vontade conosco e mais tarde com a pessoa ou família que o receberá. Essa pelo menos é a minha teoria. Nós tratamos com afeto o filhotinho desde cedo para que ele se sinta feliz e seguro. Para o humanizarmos desde cedo. Isso faz com que nos liguemos a eles. Sei quem é quem e procuro não pensar no filhote no dia da entrega pois sofro com isso. Eu e minha mulher ficamos felizes porque somos uma ponte, um elo, para que uma família, uma criança, uma pessoa que precisa de um amigo ou amiga conquiste essa alegria através de nós. Nossa idéia é de que o filhote precisa de amor desde cedo.
Nesses mais de 20 anos que crio eu aprendi muito e precisei evoluir para progressivamente ser um melhor criador. Notei que a criação é um trabalho que transcende a nós próprios pois precisamos superar o nosso ego, com todas as vaidades e egocentrismos para podermos melhorar com os nossos amigos cães. A idéia que ainda existe nesse país e no mundo, na maior parte dos que criam cães é de que basta cruzar esse com aquele, dar alimento e esperar o momento de vender os filhotes. Eu fico com extrema pena dos animais, em particular nesse momento dos cães que tem sido apenas um objeto para nossas necessidades de toda a espécie. 
O cão evoluiu através dos séculos em seu contato com o homem. Hoje temos toda a sorte de habilidades que o cão desenvolveu, de maneira especializada para atender o ser humano que se tornou um patrão, um dono ou amo. Na verdade, quando as tarefas são executadas com afeto e respeito pelo cão, esse desenvolve uma parceria, uma amizade e se diverte com a união. Mas o homem precisa sempre respeitar o cão. Por isso eu sempre dialogo com a pessoa antes de entregar um filhote. Um filhote que nós cuidamos e damos amor não pode ir para qualquer lugar, ou qualquer pessoa. Felizmente encontramos pessoas maravilhosas nesse planeta. Pessoas que só ao falar ao telefone notamos um brilho em suas palavras que parte do peito, refletindo o amor e o calor que esse filhote receberá nesse lar. Quem nos respeita tenderá a respeitar também o cão. Uma pessoa boa costuma amar os animais. Quem destrata um cão não é uma pessoa equlibrada e saudável psiquicamente. Por isso sempre peço a Deus que me envie as boas pessoas e Êle tem sido generoso conosco.


Ida à praia...
31 de Janeiro de 2014

Os preparativos que antecedem a ida à praia são redobrados para quem vai ter o animal de estimação como companheiro de viagem. Cães e gatos precisam de cuidados específicos antes de pegar a estrada. 

Ainda na cidade, recomenda-se checar se o bichinho está com a vacinação em dia e realizar uma tosa para que ele não sofra com a alta temperatura. Na hora de desembarcar no litoral, além da saúde do animal, o cuidado é com a convivência pacífica entre todos os frequentadores da praia.

— Há lugares públicos que aceitam animais, os pet friendly, mas mesmo assim é preciso conhecer as regras e os limites estabelecidos — aconselha a veterinária Karin Piva Franzen.

Entre outros cuidados, é importante prestar atenção se os bichos, especialmente os gatos, reduziram a ingestão de alimentos. 

— Em alguns casos, torna-se necessária uma adaptação dos pets (principalmente felinos) ao novo ambiente — explica o veterinário Lucas Dehnhardt. 

Confira algumas dicas de saúde e de convivência para os animaizinhos na praia.

Os 5 mandamentos 

1 – Mantenha o animal sempre com a guia Evita que o bicho fuja, ataque animais e pessoas ou circule em ambientes não apropriados, como a faixa de areia. Deixe o seu cãozinho solto apenas em locais privados e nos quais ele não ofereça perigo aos veranistas. 

2 – Não leve o animal para a beira da praia O que deveria ser um passeio inocente pode ser nocivo para o cão e para as pessoas devido a brigas com outros animais e transmissão de feridas e de doenças. 

3 – Evite passeios longos em dias de calor extremo Programe os passeios com seu cão para até as 10h ou depois das 16h. O sol intenso pode causar desidratação, hipertermias e queimaduras de pele ou das almofadinhas plantares. 

4 – Fracione a alimentação Dar um pouco de ração várias vezes ao dia é fundamental para que o animal se sinta leve e bem disposto. Evite excessos como pedaços de churrasco ou restos de almoço ou janta. Aguarde de 15 a 20 minutos antes ou depois da alimentação para levá-los a passeios ou agitá-los com brincadeiras. 

5 – Utilize protetores solares específicos A longa exposição ao sol provoca queimaduras também em animais, principalmente os de pele clara. Em alguns casos mais severos os pacientes podem desenvolver tumores de pele devido à excessiva exposição aos raios ultravioletas.


Evolução do American Staffordshire Terrier
25 de Novembro de 2013

O homem e o cão vivem há séculos num processo progressivamente elaborado de tal forma que cada vez mais encontramos características humanas no cão e, para os que se envolvem com eles notamos uma compreensão sutil da natureza canina.

O cão passou a participar ativamente de inúmeras atividades do ser humano e ocupar funções importantes na sociedade. São milhões de cães no globo terrestre exercendo funções que começam com uma simples companhia para pessoas solitárias, auxiliares no esporte da caça, no descobrimento de drogas ilegais e outras delegações policiais, guias de cegos, no socorro de doentes em situações específicas como em pacientes com risco de coma diabético ou suscetíveis de convulsões, na guarda territorial protegendo a família, na proteção pessoal contra assaltos e sequestros vigiando dentro do carro, na melhora de sintomas psiquiátricos em crianças com déficit cognitivo ou afetivo, enfim, são tantas atribuições que os homens deram nesses anos aos amigos de quatro patas que percebemos que não existe outro animal que tenha o quilate de sua dimensão para nós.

Considerando que os cães são sensíveis e inteligentes mas não possuem a capacidade de falarem precisamos notar o significado de seus gestos. No últimos anos cresceram as informações a respeito de formas de tratar ou recuperar vícios comportamentais nos cães. programas televisivos, livros didáticos e vídeos mostram técnicas. Cursos de adestramento dos mais variados. O homem passou a se interessar por esses temas. O cão de animal relegado a segundo plano e tratado como um ser que deva ficar no fundo do quintal comendo restos de comida ou amarrado numa corrente passou a ser melhor compreendido e respeitado pelas pessoas cultas e amorosas. Por cultura entendo a capacidade intelectiva de perceber o que é importante nessa vida e uma delas é respeitar todos os seres vivos.

Eu falei de várias funções nobres que o homem aperfeiçoou nos cães. Mas infelizmente a natureza humana é complexa e existe dentro de nós um lobo e um cordeiro. Nós podemos desenvolver virtudes mas também descermos até as profundezas da maldade e da ignorância levados pelos nossos instintos mais primitivos e mórbidos. Alguns homens tiveram a idéia de usar o cão para vencer o touro numa luta. Pareceu convidativo ver um cão pequeno destruir aquele animal imponente e poderoso. Os ingleses entendem que isso ocorreu porque a sociedade da época estava esmagada pela monarquia e sublimava assim a sua agressividade. Ao contrário do toureiro que vence a sua covardia escondendo a lança atrás de um pano vermelho iludindo o inimigo inocente, o rinheiro usa a sua covardia escolhendo um representante para sublimar suas necessidades destrutivas. Na Inglaterra do século dezenove os homens buscavam cães que fossem exímios nessa tarefa. Vários cães foram utilizados e se destacaram os cruzamentos envolvendo o Old English Bulldog e outros cães que pudessem ter essa aptidão. Como o Parlamento ingles proibiu essas lutas o homem migrou a sua neurótica obssessão para as lutas entre os próprios cães. Os cruzamentos utilizando os bulldogs geravam cães com mordedura de ótima pressão e coragem mas havia a necessidade de incrementar a agilidade, rapidez e tenacidade. Cães terriers foram experimentados. Para esse grupo de cães havia a denominação de bulls and terriers.

Quando no final do século dezenove uma pessoa chamada Chauncy Bennet levou para os USA os cães que eram denominados de pitbulls mas não conseguiu reconhecimento do american kennel club. Ele fundou o United Kennel Club e um dos critérios para um pitbull ser aceito era vencer tres lutas. Em 1936 esses cães, depois de um paralelo processo seletivo por outros criadores afastando-os das lutas surgiu a possibilidade de reconhecimento desses cães que eram de nominados de American Pitbull terrier. Foram estabelecidos certos padrões físicos como uma meta seletiva. Assim a aceitação do AKC fez nascer o American Staffordshire Terrier. Nessa época ambos eram o mesmo cão. O pitbull e o AST. Mas o tempo foi dando um aspecto diferenciado na compleição física, cabeça, beleza e temperamentos mais equilibrados que passaram a ser uma meta para cães que seriam também usados para shows ou exposições. O AST é uma evolução do AMPT.

Todo o American Staffordshire Terrier iniciou como um pitbull mas vem sendo aperfeiçoado desde o início do século passado e, aos poucos foi deixando para trás as características que eram enaltecidas nos cães trabalhados para as rinhas. Ou seja, o American Kennel Club estabeleceu em 1936 os pontos importantes no físico e na mente desse cão que passou a se chamar AST. O pitbull continuou existindo mas sem esses crivos e exigências. O AST conserva a coragem e tenacidade original, mas passou a ser cada vez mais tolerante e sociável com outros cães. Isso vale para a maior parte dos americans que são socializados desde cedo. O American Staffordshire Terrier passou a ser um pitbull com "controle de qualidade". É uma distorção da natureza um animal odiar seus semelhantes e desejar destruí-los. Esse comportamento ruím foi fixado pela seleção psicótica do homem. E um criador sério a partir de 1936 passou a fazer o contrário. Por isso hoje temos americans passeando nos parques. Mas para as pessoas que temem essa herança eu lembraria que todos os cães tem parentesco com os lobos e nem por isso devemos imaginar que assim seja o seu comportamento. Um bisturi pode salvar uma pessoa nas mãos de um cirurgião ou matar nas mãos de um assassino. A agressividade bem usada pode ser uma virtude se bem sublimada. A coragem de um american pode salvar a sua vida ou proteger a sua família. 

No meio de tantas raças com suas características peculiares optei pelo American Staffordshire Terrier. A coragem e rusticidade do mesmo. Sua resistência e beleza. Sua fidelidade e força num espaço físico pequeno seriam os meus motores iniciais para buscar a raça.

Mas com o tempo o homem na sua ânsia de vencer exposições foi dando mais ênfase a características de beleza e apresentação em detrimento da coragem e força num corpo compacto e pequeno e sua tolerância para o aumento das dimensões dos americans foi mudando o aspecto inicial. A raça virou moda e a população da raça explodiu no mundo todo. O AST em boas mãos é uma jóia mas em mãos de delinquentes é uma arma. Ele tem dentro de si um condicionamento que está em sua memória genética. Com o ser humano é dócil e amigo. Geralmente possui aptidões para a guarda conforme a linha genética mas com outros cães normalmente é intolerante quando não os conhece. Por isso precisa ser apresentado para outros cães desde pequeno e assim entender que não são seus inimigos. Com o tempo os criadores criteriosos lograram êxito em ter belos americans com temperamento equilibrado. Mas isso só se consegue no decorrer dos anos. Precisei de muitos anos criando para entender e saber interagir com essa raça. 

O segredo, no meu entendimento é a socialização precoce. Quando ouvimos algum comentário temeroso sobre a raça é porque não a conhecem. Em mais de vinte anos criando e um dos pioneiros da raça no Brasil percebo que pelos comentários que recebo das pessoas por todos os cantos do pais que nunca ocorreu um ataque a algum familiar ou amigo. Isso até poderia ter ocorrido pois qualquer cão pode morder por algum motivo que poderá fugir ao nosso controle. Nunca um american me mordeu ou algum dos meus filhos ou algum dos meus amigos. Minha esposa uma vez foi mordida na mão por uma cadela que havia sido separada de sua prole e ficou nervosa por estar solta no pátio sem eles e escutando o choro de filhotes de uma outra ninhada. Minha mulher levantou de madrugada e pegou um desses filhotes chorando e essa femea entendeu que ela estava machucando seu filhote quando na verdade nem era o seu. Foi uma questão de manejo e infelicidade momentanea e não uma regra.  Creio que se eu tivesse ido lá de madrugada não teria acontecido nada. Sei que foi um ato isolado e precisamos entender o processo como um todo. Quando recebo amigos e até crianças não prendo meus americans na grande maioria dos casos. Gosto de mostrar o equilíbrio sos meus americans. As pessoas ficam encantadas ao visitarem meu canil pois ao percorrerem os boxes individuais não escutam uma manifestação de agressividade e existe um silêncio no canil. Mas eu me sinto tranquilo ao soltar os casais que escolho para cuidar do terreno. Não consigo dormir tranquilo se nenhum american estiver solto. São os meus sentinelas.

Desde cedo nós tratamos os filhotes com amor e conversamos com eles. No toque e nos gestos eles cedo aprendem a serem tranquilos e não temerem. O temor, o medo são os alimentos da agressão no meu entendimento. Pelo medo de morrerem pelo cão opositor nas lutas é que que desenvolveram a agressividade contra o seu igual. O combustível da agressão é o medo da morte que alimenta a luta pela sobrevivência. Quem recebe amor se desarma. É nosso papel realizar o descondicionamento. Essa é a nossa filosofia no manejo psicológico dos americans no Campo de Força (Kraftfeld).

 

Nelson Filippini Almeida